segunda-feira, 4 de junho de 2012

Profissionais denunciam

"Genocídio assistido" em hospital de Natal. 01/06/2012-De:Fernando Zauli.DN Online "A sociedade sabe que não existe uma UTI para uma criança com doença infecto-contagiosa aquí no Giselda Trigueiro? A população sabe que se uma criança com catapora ou meningite precisar de uma UTI no Estado ela vai morrer sem assistência? Hoje, nós acolhemos as crianças doentes e as abandonamos na enfermaria, crianças que precisam de uma UTI ficam abandonadas à própria sorte na enfermaria. A gente acolhe, mas doente não precisa só de acolhida,precisa de médico,de medicamento, de assistência, e falta tudo isso.A população precisa saber que pessoas estão morrendo à mingua,que morrem pacientes diariamente com doenças evitáveis,tratáveis,curáveis, como calazar,tuberculose,por falta de equipamento, de estrutura". O relato da coordenadora do Departamento de Infectologia da UFRN,Iara Marques, foi apenas um de tantos depoimentos fortes,reveladores,e revoltados,durante a primeira visita realizada por representantes do Fórum da Saúde Pública ao Hospital Giselda Trigueiro.Durante mais de três horas representantes do Fórum ouviram médicos,enfermeiros e servidores da saúde em geral, as dificuldades enfrentadas diariamente na unidade hospitalar.Os problemas apresentados são muitos, e graves.A médica da UTI do Giselda Trigueiro,Andréa Cavalvante, denunciou a falta de condições de diagnosticos a pacientes HIV positivo.Segundo ela, quando um paciente HIV positivo apresenta um comprometimento do pulmão,por exemplo, não há como realizar exames no Giselda Trigueiro capazes de diagnosticar qual o fungo,o germe, o que está causando aquele problema pulmonar.E aí entra em cena o "exercício da advinhação". "A sociedade sabe que esse Estado não tem um hospital para atender pacientes com Aids?A população sabe que esse Estado não tem um hospital com condições de dar diagnósticos para esses pacientes e que, quando eles apresentam comprometimento do pulmão ou cérebro, eles caem em um jogo de advinhação?Nós não temos como diagnosticar o que está causando aquela piora e vamos tentando advinhar,dando antibióticos sem a certeza de estar oferecendo o tratamento certo.Atendimento que eu fiz no pronto-socorro de hospitais em São Paulo eu não tenho como fazer na UTI do Giselda.O índice de mortalidade aquí é de 80%, e nos temos bons médicos,mas fazemos diagnósticos",disse.A promotora da Saúde , Iara Pinheiro, destacou que os representantes do Fórum estavam ali justamente para conhecer a realidade do hospital para, a partir daí, apresentar propostas concretas ao governo do estado"Estamos aquí para ter uma aproximação do Fórum a uma realidade concreta dos serviços. Quando dizemos que o dinheiro não está chegando existem danos, e é importante que a gente vá às unidades saúde para ter a real percepção das implicações dessa realidade.O Fórum tem uma proposta de enfrentamento coletivo ao desgoverno que nós estamos vivendo hoje no Estado.Nós estamos buscando saídeas para um momento de muita escuridão",disse a promotora. A diretora do Giselda Trigueiro participou da reunião e compartilhou das angústias e denúncias dos servidores.As reclamações vão desde a falta de material básico até a escolha do paciente que irá para um respirador,a escolha pela vida de alguém. "Quantas pessoas vão morrer de doenças infectocontagiosas que têm tratamento desde o século 19 para que o sistema mude? Até quando nós vamos compactuar com a morte de pessoas por falta de assistência?A população tem que ter conhecimento da situação que nós enfrentamos aquí diariamente",disse o diretor-técnico da unidade,Carlos Mosca. "O que vivenciamos no Giselda diariamente é um genocídio assistido,isso é crime.Eu não estudei para ver gente morrendo na minha frente por falta de assistência.Saúde é direito do povo e dever do estado.Nós atendemos pacientes que deveriam ser recebidos na rede básica,sem ter condições sequer de atender os nossos pacientes.Trabalhamos sem estrutura,sem o básico,muitas vezes faltam até luvas.É hora de repensar a saúde,alguma coisa tem que ser feita",completou a médica Edna Palhares. A expectativa é que os fatos relatados na reunião constem de um relatório que deverá ser apresentado à governadora."Quando criamos o Fòrum nossa primeira providência foi tentar uma reunião com a governadora, mas até hoje ela não nos recebeu".disse a promotora Iara Pinheiro. O Giselda Trigueiro foi o primeiro a ser visitado por represenrantes do Fórum porque está com a UTI desativada por causa de uma pane elétrica que aconteceu no último dia 18 de maio.Desde então toda a estrutura da UTI e seus pacientes foram transferidos para o Hospital Dr,Ruy Pereira,onde permanecem até hoje."Existe um projeto na Secretaria Estadual de Saúde desde 2009 para a implantação de lo leitos de UTI pediatrica e 10 leitos de UTI adultos no Hospital Giselda Trigueiro,mas não temos respostas, disse o diretor técnico da unidade,Carlos Mosca.

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